Devem lembrar-se que ontem estava a falar sobre o nascimento do conflito, e de como a mente procura uma solução para ele. Queria tratar esta manhã de toda a ideia de conflito e desarmonia, e mostrar a absoluta inutilidade da mente ao tentar procurar a solução para o conflito, porque a mera procura da solução não fará desaparecer o conflito em si. Quando procuram uma solução, um meio de dissolver o conflito, apenas tentam sobrepô-lo, ou substituí-lo por um novo conjunto de ideias, um novo conjunto de teorias, ou tentam fugir completamente do conflito. Quando as pessoas desejam uma solução para o seu conflito, é isso o que procuram.
Se observarem, verão que quando há conflito, imediatamente procuram uma solução para ele. Querem descobrir uma saída desse conflito, e geralmente encontram-na; mas não resolveram o conflito, apenas o transferiram substituindo-o por um novo meio, uma nova condição, que por sua vez produzirá mais conflito. Portanto vamos examinar toda esta ideia de conflito, de onde surge, e o que podemos fazer com ele.
Ora, o conflito é o resultado do meio, não é? Pondo as coisas de outra maneira, o que é o meio? Quando é que estão conscientes do meio? Somente quando há conflito e uma resistência a esse meio. Portanto, se observarem, se examinarem as vossas vidas, verão que o conflito está continuamente a deformar, a perverter, a moldar as vossas vidas; e a inteligência, que é a harmonia perfeita de mente e coração, não faz parte das vossas vidas. Isto é, o meio está continuamente a conformar, a moldar as vossas vidas na acção, e naturalmente dessa contínua deformação, configuração, conformação, perversão, nasce o conflito. Portanto onde há este processo constante de conflito não pode haver inteligência. E contudo nós pensamos que ao passarmos pelo conflito continuamente chegaremos a essa inteligência, a essa totalidade, e a essa plenitude do êxtase. Mas pela acumulação do conflito não podemos descobrir como viver inteligentemente; só podem descobrir como viver inteligentemente quando compreenderem o meio que está a criar o conflito, e a mera substituição, isto é, a introdução de novas condições, não vai resolver o conflito. E contudo, se observarem verão que quando há conflito, a mente procura uma substituição. Ou dizemos, “É a hereditariedade, são as condições económicas, é o meio passado”, ou afirmamos a nossa crença no karma, na reencarnação, na evolução; estamos portanto a dar desculpas para o conflito presente em que a mente está presa, e não estamos a tentar descobrir qual é a causa do conflito em si, que é indagar sobre o significado do meio.
O conflito então só pode existir entre o meio – sendo o meio as condições económicas e sociais, o domínio político, os nossos semelhantes – entre o meio, e o resultado do meio que é o “eu”. O conflito só pode existir enquanto houver reacção a esse meio que produz o “eu”, o ego. A maioria das pessoas não tem consciência deste conflito – o conflito entre o ego da pessoa, que é apenas o resultado do meio, e o meio em si; muito poucos têm consciência desta batalha contínua. Uma pessoa só se torna consciente desse conflito, dessa desarmonia, dessa luta entre a falsa criação do meio, que é o “eu”, e o meio em si, através do sofrimento. Não é assim? É somente através da intensidade do sofrimento, da intensidade da dor, da intensidade da desarmonia, que se tornam conscientes do conflito.
Que acontece quando se tornam conscientes do conflito? Que acontece quando nessa intensidade de sofrimento se tornam plenamente conscientes da batalha, da luta que está a ter lugar? A maior parte das pessoas quer um alívio imediato, uma resposta imediata. Querem refugiar-se desse sofrimento, e por isso encontram vários meios de escape, que mencionei ontem, tais como as religiões, as agitações, as inanidades, e as muitas misteriosas vias de fuga que criámos através do nosso desejo de nos protegermos desta luta. O sofrimento torna-nos conscientes deste conflito, e contudo o sofrimento não conduzirá o homem a essa totalidade, a essa riqueza, a essa plenitude, a esse êxtase da vida, porque afinal, o sofrimento só pode despertar a mente em grande intensidade. E quando a mente está perspicaz, então começa a questionar o meio, as condições, e nesse questionamento, a inteligência está a funcionar; e é somente a inteligência que conduzirá o homem à plenitude da vida e à descoberta do significado do sofrimento. A inteligência começa a funcionar no momento da agudeza do sofrimento, quando a mente e o coração deixaram de fugir, fugir através das várias vias que tão habilidosamente construíram, e que aparentemente são tão razoáveis, factuais, reais. Se observarem cuidadosamente, sem preconceito, verão que enquanto houver um escape, não estão a resolver, não estão a enfrentar cara a cara o conflito, e por isso o vosso sofrimento é apenas a acumulação de ignorância. Isto é, quando deixarmos de fugir, através dos célebres canais, então nessa agudeza de sofrimento, a inteligência começa a funcionar.
Por favor, não quero dar-lhes exemplos e símiles, porque quero que considerem isto cuidadosamente, e se eu der exemplos, só eu é que penso e vocês apenas ouvem. Ao passo que se começarem a pensar sobre o que estou a dizer, verão, observarão por vocês mesmos, como a mente, estando habituada a tantas substituições, autoridades, escapes, nunca chega a esse ponto de agudeza do sofrimento que exige que a inteligência tenha que funcionar. E é somente quando a inteligência está a funcionar plenamente que pode haver a absoluta dissolução da causa do conflito.
Onde quer que haja falta de compreensão do meio tem que haver conflito. O meio origina o conflito, e enquanto não compreendermos o meio, as condições, o ambiente, e estivermos apenas a procurar substituições para estas condições, estamos a evadir-nos de um conflito e a encontrar-nos com outro. Mas se na agudeza do sofrimento que na sua plenitude gera um conflito, se nesse estado começarmos a questionar o meio, então compreenderemos o verdadeiro valor do meio, e a inteligência então funciona naturalmente. Até agora a mente tem-se identificado com o conflito, com o meio, com as evasões, e por isso com o sofrimento; isto é, vocês dizem, “Eu sofro.” Ao passo que, nesse estado de agudeza do sofrimento, nessa intensidade de sofrimento na qual já não há escape, a própria mente se torna inteligente.
Pondo as coisas de novo de uma maneira diferente, enquanto estivermos a procurar soluções, enquanto estivermos a procurar substituições, autoridade para a causa e o alívio do conflito, tem que haver identificação da mente com o particular. Ao passo que se a mente estiver nesse estado de intenso sofrimento no qual as vias de fuga estão bloqueadas, então a inteligência será despertada, funcionará natural e espontaneamente. Por favor, se experimentarem isto, verão que não lhes estou a dar teorias, mas algo com o que poderão trabalhar, algo que é prático. Têm tantos meios, que lhes foram impostos pela sociedade, pela religião, pelas condições económicas, pelas distinções sociais, pela exploração e pelas opressões políticas. O “eu” foi criado por essa imposição, por essa compulsão; há o “eu” em vocês que combate o meio e por isso há conflito. Não adianta criar um novo meio, porque existirá a mesma coisa. Mas se nesse conflito houver mágoa e sofrimento conscientes – e há sempre sofrimento em todos os conflitos, só que o homem quer fugir dessa luta e por isso procura substitutos – se nessa agudeza de sofrimento pararem de procurar substitutos e enfrentarem realmente os factos, verão que a mente, que é o total da inteligência, começa a descobrir o verdadeiro valor do meio, e então compreenderão que a mente está livre de conflitos. Na própria agudeza do sofrimento reside a sua própria dissolução. Portanto nisso está a compreensão da causa do conflito.
Também devemos lembrar-nos que aquilo a que chamamos acumulação de sofrimentos não leva à intensidade, nem a multiplicação do sofrimento conduz à sua própria dissolução; porque a agudeza da mente em sofrimento só chega quando a mente cessou de fugir. E nenhum conflito despertará esse sofrimento, essa agudeza de sofrimento, quando a mente está a tentar fugir, porque na fuga não há inteligência.
Expondo de novo o assunto brevemente, antes de responder às questões que me foram entregues: em primeiro lugar toda a gente está presa no sofrimento e no conflito, mas a maior parte das pessoas não estão conscientes desse conflito; apenas procuram substituições, soluções e escapes. Ao passo que se deixarem de procurar escapes e começarem a questionar o meio que causa o conflito, nessa altura a mente torna-se perspicaz, viva, inteligente. Nessa intensidade a mente torna-se inteligente e por isso vê o pleno valor e significado do meio que cria o conflito.
Por favor, tenho a certeza que metade de vocês não compreende isto, mas não importa. O que podem fazer, se quiserem, é reflectir sobre isto, reflectir realmente sobre isto, e ver se o que eu digo não é verdadeiro. Mas reflectir sobre isso não é intelectualizá-lo, isto é, sentarem-se e fazê-lo desaparecer através do intelecto. Para descobrirem se o que eu digo é verdadeiro, tem que o pôr em acção, e para o porem em acção têm que questionar o meio. Ou seja, se estiverem em conflito, têm naturalmente que questionar o meio, mas a maioria das mentes tornaram-se tão pervertidas que não se dão conta de que estão a procurar soluções, escapes através das suas maravilhosas teorias. Raciocinam perfeitamente, mas o seu raciocínio está baseado na procura de escapes, do que não têm totalmente consciência.
Portanto se houver conflito, e se quiserem descobrir a causa desse conflito, naturalmente que a mente tem que o descobrir através da acuidade do pensamento e por isso através do questionamento de tudo o que o meio coloca em vosso redor – a vossa família, os vossos vizinhos, as vossas religiões, as vossas autoridades políticas; e questionando haverá acção contra o meio. Há a família, o vizinho e o estado, e questionando o seu significado verão que essa inteligência é espontânea, não se adquire, não se cultiva. Lançaram a semente da consciência e isso produz a flor da inteligência.
Pergunta: Diz que o “eu” é o produto do meio. Quer dizer que se pode criar um meio perfeito que não desenvolva a consciência do “eu”? Se é assim, a liberdade perfeita de que fala é uma questão de criar o meio correcto. Certo?
Vozes da audiência: “Não.”
Krishnamurti: Esperem um momento. Pode alguma vez haver o meio correcto, o meio perfeito? Não pode. Essas pessoas que responderam, “não” não consideraram a questão cuidadosa e plenamente, portanto vamos raciocinar juntos, vamos tratar disto integralmente.
O que é o meio? O meio é criado, toda esta estrutura humana foi criada, pelos medos, ânsias, esperanças, desejos, consecuções humanos. Ora, nós não podemos construir um meio perfeito porque cada homem está a criar, de acordo com as suas fantasias e desejos, novos conjuntos de condições; mas tendo uma mente inteligente, vocês podem perfurar através de todos estes falsos meios e em consequência ficar livres da consciência do “eu”. Por favor, a consciência do “eu”, o sentido de “meu”, é o resultado do meio, não é? Não creio que precisemos de o discutir porque é bastante óbvio.
Se o estado lhes desse a vossa casa e tudo o que precisam, não haveria necessidade da “minha” casa – podia haver algum outro sentido de “meu” mas estamos a discutir o específico. Como esse não foi o caso convosco, há este sentido de “meu”, de possessividade. Esse é o resultado do meio, esse “eu” é apenas a falsa reacção ao meio. Ao passo que se a mente começar a questionar o próprio meio, deixa de haver reacção ao meio. Por isso não estamos interessados na possibilidade de alguma vez haver um meio perfeito.
Afinal, o que é o meio perfeito? Cada homem lhes dirá o que é para ele o meio perfeito. O artista dirá uma coisa, o financeiro outra, a actriz de cinema uma outra; cada homem pede um meio perfeito que o satisfaça, por outras palavras, que não lhe crie conflito. Por isso não pode haver um meio perfeito. Mas se houver inteligência, o meio não tem valor, não tem significado, porque a inteligência está então liberta da circunstância, esta a funcionar plenamente.
A questão não é se podemos criar um meio perfeito, mas antes como despertar essa inteligência que estará livre do meio, imperfeito ou perfeito. Eu afirmo que podem despertar essa inteligência questionando o completo valor de qualquer meio em que a vossa mente está presa. Verão então que estão livres de qualquer meio em particular, porque então estarão a funcionar inteligentemente, não sendo deformados, pervertidos, moldados pelo meio.
Pergunta: Por certo que não quer dizer o que as suas palavras parecem transmitir. Quando vejo o vício a campear no mundo, sinto um intenso desejo de lutar contra esse vício e contra todo o sofrimento que ele cria nas vidas dos meus semelhantes. Isto significa grande conflito, porque quando tento ajudar sou muitas vezes traiçoeiramente obstado. Como pode então dizer que não há conflito entre o falso e o verdadeiro?
Krishnamurti: Disse ontem que só pode haver luta entre duas coisas falsas, só pode haver conflito entre o meio e o resultado do meio que é o “eu”. Agora, entre estes dois residem inúmeras vias de fuga que o “eu” criou, a que chamamos vício, virtude, moralidade, padrões morais, medos, e todos os muitos opostos; e a luta só pode existir entre os dois, entre a falsa criação do meio que é o “eu”, e o próprio meio. Mas não pode haver luta entre a verdade e aquilo que é falso. Sem dúvida que isso é óbvio, não é? Pode ser traiçoeiramente obstado porque o outro homem é ignorante. Não significa que não deva combater – mas não assuma a rectidão da luta. Por favor, vocês sabem que há uma maneira natural de fazer as coisas, uma maneira espontânea e doce de fazer as coisas, sem esta rectidão agressiva, rancorosa.
Em primeiro lugar, para combater, têm que saber o que estão a combater, portanto tem que haver a compreensão do fundamental, não das divisões entre as coisas falsas. Estamos tão conscientes, estamos tão plenamente conscientes das divisões entre as coisas falsas, entre o resultado e o meio, que as combatemos, e por isso queremos reformar, queremos mudar, queremos alterar, sem fundamentalmente mudar toda a estrutura da vida humana. Isto é, continuamos a querer preservar a consciência do “eu” que é a falsa reacção ao meio; queremos preservar isso e contudo queremos alterar o mundo. Por outras palavras, querem ter a vossa conta bancária pessoal, as vossas próprias posses, querem preservar o sentido do “meu”, e contudo querem alterar o mundo para que não haja esta ideia do “meu” e “teu”.
Portanto o que se tem que fazer é descobrir se se está a lidar com o fundamental, ou apenas com o superficial. E para mim o superficial existirá enquanto estiverem apenas interessados com a alteração do meio para aliviar o conflito. Isto é, continuam a querer apegar-se à consciência do “eu” como “meu”, mas no entanto desejam alterar as circunstâncias para que elas não criem conflito nesse “eu”. Chamo a isso pensamento superficial, e daí naturalmente há acção superficial. Ao passo que se pensarem profundamente, isto é, se questionarem o próprio resultado do meio que é o “eu”, e em consequência questionarem o próprio meio, então estarão a agir profundamente, e por isso de maneira permanente. E há nisso êxtase, há nisso uma alegria que agora não conhecem porque têm medo de agir profundamente.
Pergunta: Na sua palestra de ontem falou do meio como sendo o movimento do falso. Inclui no meio todas as criações da natureza, incluindo as formas humanas?
Krishnamurti: Não muda o meio continuamente? Não muda? Para a maioria das pessoas não muda porque a mudança implica ajustamento contínuo, e portanto a consciência contínua da mente, e a maioria das pessoas estão interessadas na condição estática do meio. Contudo o meio move-se porque está para além do nosso controlo, e é falso enquando não compreenderem o seu significado.
“O meio inclui formas humanas?” Porquê colocá-las à parte da natureza? Não estamos assim tão interessados na natureza, porque quase temos a natureza sob controlo, mas não compreendemos o meio criado pelos seres humanos. Olhem para o relacionamento entre os povos, entre dois seres humanos, e para todas as situações que os seres humanos criaram que não compreendemos, mesmo que tenhamos amplamente compreendido e conquistado a natureza através da ciência.
Portanto não estamos interessados na estabilidade, na a continuação de um meio que compreendemos, porque no momento em que o compreendemos não há conflito. Isto é, procuramos segurança, emocional e mental, e estamos felizes enquanto essa segurança estiver assegurada e por isso nunca questionamos o meio, e por isso o movimento constante do meio é uma coisa falsa que cria perturbação em cada um de nós. Enquanto houver conflito, isso indica que não compreendemos as situações colocadas em nosso redor; e esse movimento do meio permanece falso enquanto não inquirirmos sobre o seu significado, e só o podemos descobrir nesse estado de consciência intenso do sofrimento.
Pergunta: É perfeitamente claro para mim que a consciência do “eu” é o resultado do meio, mas não vê que o “eu” não teve origem pela primeira vez nesta vida? Pelo que diz é óbvio que a consciência do “eu”, sendo o resultado do meio, tem que ter começado num passado distante e continuará no futuro.
Krishnamurti: Sei que esta é uma pergunta para me apanharem acerca da reencarnação. Mas isso não importa. Ora vamos examiná-la.
Em primeiro lugar admitem, se pensarem acerca disso, que o “eu” é o resultado do meio. Ora para mim não importa se é o meio passado ou o meio presente. Afinal, o meio também é do passado. Fizeram algo que não compreenderam, fizeram ontem algo que não compreenderam, e isso persegue-os até que o compreendam. Não podem resolver o meio passado até que estejam plenamente conscientes no presente. Portanto não importa se a mente está estropiada pelas situações passadas ou presentes. O que importa é que compreendam o meio e isto libertará a mente do conflito.
Algumas pessoas acreditam que o “eu” tenha nascido num passado distante e que continuará no futuro. Isso é irrelevante para mim, não tem qualquer significado. Mostrar-lhes-ei porquê. Se o “eu” é o resultado do meio, se o “eu” é apenas a essência do conflito, então a mente tem que estar interessada, não na a continuação do conflito, mas na ausência desse conflito. Portanto não importa se é o meio passado que está a estropiar a mente, ou o presente que a perverte, ou se o “eu” nasceu num passado distante. O que importa é que nesse estado de sofrimento, nessa consciência, nessa agudeza consciente do sofrimento, há a dissolução do “eu”.
Isto introduz a ideia de karma. Vocês sabem o que significa, que têm um fardo no presente, o fardo do passado no presente. Isto é, trazem convosco o meio do passado para o presente, e por causa desse fardo, vocês controlam o futuro, moldam o futuro. Se chegarem a pensar nisso, tem que ser assim, que se a vossa mente é pervertida pelo passado, naturalmente o futuro tem também que ser retorcido, porque se não compreenderam o meio de ontem ele tem que continuar hoje; e por por isso, como não compreendem hoje, também não compreenderão amanhã. Isto é, se não perceberam o significado completo de um meio ou de uma acção, isto perverte o vosso julgamento do meio de hoje, da acção de hoje nascida do meio, que os perverterá outra vez amanhã. Portanto fica-se preso neste círculo vicioso, e daí a ideia do renascimento contínuo, do renascimento da memória, ou do renascimento da mente continuado pelo meio.
Mas eu afirmo que a mente pode ficar livre do passado, do meio passado, dos obstáculos passados, e por isso podem ser livres do futuro, porque nessa altura estarão a viver dinamicamente no presente, intensamente, supremamente. No presente está a eternidade, e para compreender isso, a mente tem que estar livre do fardo do passado; e para libertar a mente do passado tem que haver um intenso questionamento do presente, não a consideração de como o “eu” continuará no futuro.